Trabalho da Ufal faz diagnóstico precoce de doença na córnea

Resultado foi premiado no Congresso Brasileiro de Oftalmologia


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Imagem comparativa de uma córnea normal e uma com ceratocone. Foto: Arquivo pessoal do pesquisador
Imagem comparativa de uma córnea normal e uma com ceratocone. Foto: Arquivo pessoal do pesquisador

Por: Amanda Alves – estagiária de Relações Públicas - 20/09/2018 às 10h51 - Atualizado em 20/09/2018 às 14h27

(Texto reproduzido do site da UFAL)

Análise computacional da biomecânica corneal para diagnóstico de ceratocone  é o título do trabalho premiado na categoria Regional Nordeste, em um dos maiores congressos de medicina do Brasil, o 62º Congresso Brasileiro de Oftalmologia (CBO). O trabalho, que também é a dissertação de mestrado, foi produzido por Kempes Jacinto, estudante do Programa de Pós-graduação em Modelagem Computacional de Conhecimento (PPGMCC) e servidor da Ufal em Palmeira dos Índios, no cargo de técnico em tecnologia da informação. O orientador foi Aydano Machado, professor do Instituto de Computação (IC).

Segundo Kempes, seu orientador já desenvolve pesquisas com o oftalmologista João Marcelo, e incentiva os alunos a pesquisarem sobre a área. Kempes havia visto a defesa de outro aluno do PPGMCC sobre o assunto, e percebeu outros pontos para explorar.

O trabalho e o êxito

Os pesquisadores explicam que Ceratocone é uma doença na córnea, progressiva, degenerativa e lenta. Ela se desenvolve ao longo de 20 a 30 anos e à medida que o tempo passa, o paciente começa a perder a visão. Nas fases iniciais é possível usar colírio, lente de contato, ou mesmo óculos. Mas, nas fases mais avançadas, é preciso realizar a inserção do Anel de Ferrara, ou mesmo um transplante de córnea, este, por sua vez, não garante resultados, havendo a possibilidade da doença retornar, ou a córnea ser rejeitada.

Kempes afirma que o ideal é que seja feito um diagnóstico em suas fases iniciais, mas é um trabalho muito difícil, tendo em vista que não existem muitas diferenças entre uma córnea saudável, e a que possui a doença. Diante desse contexto, o trabalho possui justamente o objetivo de realizar o diagnóstico precoce, com a ajuda de um equipamento.  

 ‘’Meu trabalho entra exatamente na tentativa de fazer esse diagnóstico nessas fases iniciais, com a ajuda do equipamento Corvis ST, que tira um conjunto de 140 fotos num período de 32,11 milissegundos durante a aplicação de um jato de ar. E a partir dessas imagens que o Corvis captura, o objetivo é tentar diagnosticar o ceratocone’’, explicou.

Através de dois métodos diferentes, Kempes realizou a análise das imagens obtidas, e conseguiu fazer o diagnóstico das fases iniciais da doença. Assim, a tentativa se transformou em êxito, dando ao trabalho o caráter de ter sido o primeiro a realizar tal feito. Outros trabalhos também conseguem efetuar o diagnóstico precoce da doença, mas o de Kempes é o primeiro a partir de uma análise dinâmica da córnea, decorrente da sequência de todas as imagens do equipamento. O pesquisador ressalta que o procedimento ainda não está 100%, mas através do estudo, ele já conseguiu entre 82 e 86% de precisão no diagnóstico.

O prêmio

Sobre a importância de receber o prêmio Regional Nordeste, no CBO, para Kempes é uma forma de reconhecimento, tendo em vista que ele é estudante de outra área de conhecimento. “Para mim, a importância é muito grande, eu não sou da área de oftalmologia, sou de ciências da computação, e eu estou tendo um trabalho reconhecido pela comunidade alvo do meu trabalho”, ressaltou.

“Enquanto aluno, vejo que a importância também é muito grande, porque o PPGMCC não tem ainda a parte de doutorado, mas é um programa que está desenvolvendo pesquisas bastante importantes e com atuação multidisciplinar”, pontuou.

Para Aydano, o recebimento de um prêmio é importante por dois motivos principais, sendo o primeiro o reconhecimento e valorização do trabalho realizado, e o segundo as oportunidades decorrentes da premiação. “Com um prêmio em um evento de grande porte como esse, o aluno/orientando tem a certeza da importância do seu trabalho e que o que foi produzido tem valor e qualidade para a sociedade. O segundo motivo está relacionado com as oportunidades que aparecem com a divulgação e exposição que vêm com o prêmio. Um trabalho bem feito e reconhecido é sempre um bom cartão de visita para continuar ou iniciar outras atividades”, concluiu. 

Sobre o evento

Este ano, o CBO aconteceu em Maceió, entre os dias 5 e 8 de setembro, no Centro de Convenções. O objetivo do evento foi discutir os mais recentes tratamentos e o desenvolvimento de novas tecnologias e drogas para a oftalmologia, com a participação de representantes dos maiores centros de pesquisa do Brasil e do mundo.